103 – Liberdade

Das sofridas inverdades que açoitam uma vida inteira, do rancor que vazou destas mãos, da tristeza que me tolheu o brilho de um olhar, das lembranças desatinadas perdidas que sangram nesta alma ferida, simplesmente ser livre não foi dar azas para um coração voar.

Castigo que não alimenta uma esperança, levo no peito um coração vazio, em dimensões que cruzam rios, oceanos, continentes, distante da minha dimensão, a decisão de ser livre não saiu destas mãos, foste o acaso o juiz que sentenciou essa liberdade, ser livre foi só uma opção.

Liberdade não me trouxe ao meu chão, dos laços dos abraços entrelaçados, não mais ornamentam um coração, a liberdade não me forneceu a tal felicidade, da imagem a semelhança dos dessabores, liberdade um convite a se resgatar tudo de novo.

Da sensação de se sentir preenchido, não se promete um céu, um paraíso, do labirinto ao desencontro do destino, ao lado do engano atribulado, já vivemos e morremos por um ser amado, por vezes perdidos por um sonho, por vezes perdidos pela realidade, por vezes um sentimento fragilizado, um caminho de ser livre, mas sem ter a liberdade.

Um caminho de um sentimento embriagado, um soluço sem lagrimas, sem perfumes, um meigo e estampado ao inesperado desejo abandonado, de um sentimento mendigo atrelado ao coração, da mascara imputada aos olhos, não foste tão verdadeira, quiçá prendeu-se ao rosto, da mordaça imposta as minhas verdades, me calei recolhido ao meu mundo, da misera saudade gritando calado, fiquei livre ao meu mundo, mas de que me valeu essa tal liberdade.

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