114 – Desenganos

Revendo, infinitas recordações em desuso, revendo pensamentos que ficaram perdidos num tempo fora de alcance, revendo tesouros que por tempos não perderam o encanto, revendo lembranças desgastadas por desuso, que pertenceram a um tempo da vida, joguei a sorte aos desencantos, recordações afora do alcance, de um coração que se entregou sem saber se era paixão ou brincadeira.

Revendo por instantes, já foram amores recheados de ilusões, esperanças, revendo planos, projetos de um amor carente, alguns até já tiveram ao alcance, já escrevi, fui poeta, crítico, romancista, escrevi a vida a dois, por vezes não me vi em minhas escritas, já troquei noites de ilusões sem saber onde encontrar alguém, sinto um gosto dos doces beijos molhados, sabe, solidão bate numa porta como se fosse tão fácil esquecer, revendo momentos imortais sem saber como acabar.

Revendo que usei e fui usado, que amei sem saber como apagar, dentro de mim eu já me enganei, já enganei também quem para traz já deixei, que fora de mim não me vejo, vejo os traços que o tempo me reservou, já magoei a mim mesmo, se paixões escondidas eu desejei, magoas também criei, se intolerante um dia me tornei, sem truques tornei refém de mim mesmo, e se por vezes me vi no chão não só por tombos eu recai, e sim por frutos das escolhas que recriei, se de sobras me alimentei, que não me amei intensamente, se falhei no amor, por que não acreditei ou não fui capaz também.

Revendo o que não guardei, só amontoei sentimentos, se pilhas eu criei por que nunca não terminei que comecei, se por instantes eu falhei já não sei também o que me transformei, se por amor eu não criei, por ódio não edifiquei, por instante não acreditei, por instantes também recuei.

Revendo que a distância me reservou, guardei num cantinho as lembranças que o tempo preservou, de um discreto sorriso revejo minhas solidões, dói por dentro essa saudade de quem um dia me pertenceu, como é fácil ferir sem se tocar, relembrar é tudo que o tempo preservou, da dor das lagrimas perdidas, das milhas e milhas num espaço de desengano, de todos os desenganos que me assusta é um novo engano, mais forte que uma ilusão e voltar a se apaixonar, e saber que o coração voltará a ser feliz.

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